As Eleições Municipais de 2020 estão longe de terminar no município de Magé, situado na Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, em razão da decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que indeferiu o registro da candidatura a prefeito do Deputado Estadual Renato Cozzolino (PP), fato este que aumenta o clima de tensão e as ameaças políticas na cidade.
Renato Cozzolino ficou em primeiro lugar com 27,13% das urnas, somando 36.478 votos. Com 36.478 votos, Ricardo da Karol (PSC) teve 22,78% dos votos e foi o segundo colocado.
Em Agosto de 2020, após ser escolhida para compor a chapa de prefeito do candidato Ricardo da Karol, na condição de vice, a Defensora de Direitos Humanos, Ana Beatriz Nunes, Quilombola da Comunidade Remanescente de Quilombo de Maria Conga, que atualmente ocupa o cargo de vice presidente da Associação de Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ), começou a receber diversas ameaças virtuais através da propagação de Fake News.
Em razão do índice de violência política em Magé ser muito elevado, a ACQUILERJ encaminhou a solicitação de inclusão da Defensora de Direitos Humanos, ao PPDDH RJ Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores Sociais e Ambientalistas (PPDDH/RJ), política pública que tem o objetivo de articular medidas protetivas aos ativistas que estão vivenciando situação de risco e ameaça em decorrência da militância em prol da defesa dos direitos humanos.
Logo após o recebimento da demanda, a equipe técnica realizou o procedimento de triagem do caso e identificou o alto grau de vulnerabilidade da defensora de direitos humanos, motivo pelo qual foi solicitada a Coordenação Geral de Proteção a Testemunhas e Defensores de Direitos Humanos a imediata inclusão da ativista no PPDDH por decisão ad referendum.
Um novo episódio ocorreu na semana em que o Brasil faz reverência à consciência negra e rende homenagens ao Quilombola Zumbi dos Palmares. A defensora de direitos humanos Ana Beatriz, que estava participando de uma reunião que estava sendo realizada no Pier de Mauá, também em Magé, percebeu que um veículo modelo Land Rover, de placa não anotada, ficou estacionado por mais de uma hora na frente do local do encontro e, logo após a saída da Quilombola do local, o veículo iniciou uma perseguição por mais de uma hora nas vias do município de Magé.
Esse fato ocorreu no dia 19 de novembro, um dia antes da comemoração do dia do Zumbi dos Palmares. Na ocasião, o motorista da defensora de direitos humanos ao perceber a movimentação do automóvel estranho, parou o veículo no centro do município de Magé em razão da proximidade com o 34º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e abrigou-se nas dependências de uma galeria comercial, onde pôde acionar o plantão da equipe do PPDDH RJ que, imediatamente, articulou o apoio policial de uma viatura do 34º BPM, que prestou socorro à defensora de direitos humanos e ocasionou a evasão do automóvel Land Rover do local.
Ana Beatriz quando iniciou a sua candidatura a Vice-Prefeita do Município de Magé recebeu diversas ameaças; uma delas foi fato gerador de muito medo em todos os seus amigos e familiares, que foi a postagem realizada na rede social Facebook, cujo teor aponta que a defensora de direitos humanos seria a próxima Marielle Franco, ex vereadora do rio de janeiro que foi brutalmente assassinada no mês de março de 2018.
Frente a esses eventos, Ana Beatriz Nunes, Defensora de Direitos Humanos está sobre proteção do Estado Brasileiro, sendo assistida pelo PPDDH RJ. Todas ameaças virtuais estão sendo investigadas pela Secretaria de Polícia Civil (SEPOL), que, do mesmo modo que a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) compõem o Grupo de Trabalho (GT) do PPDDH RJ, que futuramente será convertido em Conselho Deliberativo do Programa do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores Sociais e Ambientalistas, seguindo os ditames do Decreto Estadual nº 44.038 de 2013.