A Polícia Federal e a Receita deflagraram na manhã de segunda-feira (23), a Operação Enterprise contra a lavagem de dinheiro do tráfico internacional de cocaína. Cerca de 670 policiais federais e mais 30 servidores da Receita Federal cumpriram 151 mandados de busca e 66 mandados de prisão nos Estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. As ordens foram expedidas pela 14ª Vara Federal de Curitiba.
A Justiça também autorizou o bloqueio de aproximadamente R$ 400 milhões em bens do narcotráfico, incluindo aeronaves, imóveis e veículos de luxo. Segundo informou a PF, o montante é o maior do ano em sequestro patrimonial.
Segundo a Receita Federal, oito mandados também estão sendo cumpridos na Espanha, Colômbia, Portugal e Emirados Árabes Unidos. Os agentes fizeram uma parceria com a Interpol para localizar oito investigados no exterior e identificar bens mantidos em outros países. Para isso, os nomes suspeitos foram incluídos na lista de difusão vermelha da organização de polícia internacional.
Ainda segundo as informações da Receita Federal, foram concedidos 37 pedidos de arresto, o mesmo que apreensões, de aeronaves. Além disso, entre os bens dos investigados, que são alvos de sequestro judicial, estão imóveis e veículos de luxo.
A operação Enterprise é considerada a maior do ano no combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e uma das maiores da história na apreensão de cocaína nos portos brasileiros, de acordo com a PF.
Durante as investigações, que começaram em 2017, foram apreendidas 50 toneladas de cocaína nos portos do Brasil, da Europa e da África. “Tal volume de apreensões situa essa organização criminosa como uma das maiores em atuação no País”, informou a PF.
De acordo com as apurações, a organização criminosa usava ‘laranjas’ e empresas fictícias para lavar bens e ativos multimilionários no Brasil e dar aparência lícita ao lucro do tráfico.
O nome da operação, “Enterprise”, faz alusão à dimensão da organização criminosa investigada, que atua como um grande empreendimento internacional na lavagem de dinheiro e exportação de cocaína.
Investigação
Segundo a PF, a investigação durou mais de dois anos e aponta que os dois portos mais usados pelos traficantes eram os de Santos, no litoral paulista, e de Paranaguá, no litoral do Paraná. A droga, ainda de acordo com as as investigações, era enviada, em grande parte, para a Europa.
O esquema de lavagem de dinheiro, ainda conforme a PF, envolvia multimilionários no Brasil e no exterior com uso de várias interpostas pessoas, conhecidas como laranjas, e empresas de fachada, com o objetivo de dar aparência lícita ao lucro do tráfico.
A Receita Federal disse que as investigações iniciaram a partir de uma apreensão realizada em setembro de 2017, quando 776 quilos de cocaína, que estavam sendo exportados pelo Porto de Paranaguá com destino ao Porto de Antuérpia, na Bélgica, foram apreendidos.
A partir dessa apreensão, ainda de acordo com a Receita, a PF instaurou um inquérito policial e os dois órgãos públicos atuaram em conjunto nas investigações até descobrir a organização criminosa.