Urubici, a ‘Terra de Tesouros’ da Serra Catarinense
Urubici é um município do estado de Santa Catarina, no Brasil. No cume do Morro da Igreja (1 822 metros), o ponto mais alto habitado do sul do Brasil, localizado no município, foi registrada, extra-oficialmente, a temperatura mais baixa do país: −17,8°C, em 29 de junho de 1996. Urubici também é conhecida pelas suas diversas belezas naturais, estando incluída no Caminho das Neves.
A diversidade do relevo fez de Urubici “pássaro brilhante” no idioma xokleng, tribo que habitava a região que é um dos paraísos do turismo de aventura no país. Programas do gênero não faltam. Pode-se fazer descida de rapel nas cachoeiras e paredões, canoagem em um dos rios da região – há dezenas deles -, cavalgadas por caminhos deslumbrantes e caminhadas por trilhas com variados graus de dificuldade.
Lugar para saltos de asa delta e parapente também não faltam. Até uma modalidade recentemente chegada ao país, o arvorismo – travessia por trilhas suspensas interligando as copas das árvores -, já pode ser praticada na cidade. O cenário para liberar a adrenalina não poderia ser mais encantador – afinal, não é por acaso que Urubici ganhou o merecido apelido de “Terra de Tesouros”.
A cidade oferece paisagens inesquecíveis como a vista da Pedra Furada a partir do Morro da Igreja ou cascatas como a do Avencal e a Véu de Noiva – duas entre nada menos que 82 quedas de água catalogadas no território do município. Uma vantagem de Urubici é que boa parte das atrações está na mesma direção, entre os 30 km que ligam o centro da cidade à lendária Serra do Corvo Branco. É um passeio imperdível, cujo encanto não está apenas nas belezas da natureza, mas no contato próximo com os costumes do morador local.
Localizada no fértil Vale do Rio Canoas, Urubici, a Terra das Hortaliças, é o maior produtor de hortifrutigranjeiros de Santa Catarina. Também se destaca pelo cultivo de maçã, especialmente com a variedade gala, considerada a melhor de toda a região serrana. Outro aspecto importante é o cultivo de erva-mate, produto básico do tradicional chimarrão, e apreciado nos países do Mercosul.
História e Cultura
Por marcar a história de várias civilizações, Urubici exibe, até hoje, a passagem de seus primeiros habitantes. São sinais registrados em pedras há pelo menos 40 séculos, comparável às inscrições encontradas em alguns outros pontos do litoral catarinense. Segundo historiadores, o ano de 1711 é data base para Urubici, quando dom João V ordena que os jesuítas procurem minas e catequizem índios até o Rio Caçadores. Com essa missão, os padres José Mascarenhas e Luís de Albuquerque traçam marcos na região – marcos do Maranhão até Laguna, a considerada “região do ouro”. O primeiro marco foi colocado no Morro Pelado (comando indígena), o segundo no Morro da Mala (onde moravam os padres) e o terceiro no Morro do Panelão (onde ficavam as tropas que carregariam o ouro). Conta-se que grande porção do ouro foi enterrada nas rochas pelos jesuítas. Os índios, na maioria tupi-guarani, foram catequizados em grupos e já eram remanescentes de outras regiões.
Conta-se que existem mapas em originais e cópias, nunca vistos. Urubici registrava um pinheiral espantoso, um “mar de pinheiros”, e em outras regiões, não em todas, alguns banhados, com sumidouros de animais e pessoas não orientadas.
Cachoeiras
Com 100 metros de queda livre, a Cachoeira do Avencal é frequentada por praticantes de rapel. O nome deriva da avenca, vegetação comum na região. É possível chegar de carro à parte de cima da cachoeira e a pé à parte de baixo, mas é preciso ter calçados apropriados e tomar cuidado com as pedras escorregadias. Fica no Morro do Avencal, próximo às inscrições rupestres, na chegada a Urubici para quem vem de São Joaquim. Já a Cascata Véu de Noiva com 62 metros de queda, se destaca entre as mais de 80 encontradas no município. Não há queda livre: a água desliza suavemente por grandes rochedos. Quando há maior vazão, a espuma branca faz o visual assemelhar-se ao de um grande véu de noiva – daí o nome pelo qual é conhecida. A cascata fica em propriedade particular, há no local um restaurante que também serve lanches. Na caminhada de 300 metros entre o estacionamento e a base da cascata é possível flagrar diversos pássaros da fauna local – curiós, sabiás, tico-ticos, pica-paus, gaturamos, capitães-do-mato -, em uma explosão de sons e cores. Uma trilha suspensa a 10 metros de altura, com 260 metros de comprimento, ligando as copas das árvores, permite a prática do arvorismo, modalidade que chegou recentemente ao país. A cascata fica no caminho para o morro da igreja.
Caverna Rio dos Bugres
Antigo abrigo de índios, a caverna fica em área de vegetação exuberante. Para chegar lá, é preciso enfrentar 11 km de estrada estreita de terra batida, mas vale a pena. Um rio é presença constante no cenário e há grande possibilidade de encontrar cavaleiros pelo caminho, com vestes e adereços tipicamente serranos. Nos últimos 300 metros antes de chegar à caverna, a trilha piora e o melhor é deixar o carro e seguir a pé. Não esqueça de levar uma lanterna para apreciar o interior da caverna – e chegar à saída sem se perder!
Gruta Nossa Senhora de Lourdes
Ponto de peregrinação religiosa, fica na localidade de Santa Terezinha, a 10 km do centro de Urubici, no caminho para o Morro da Igreja. É uma gruta natural, cercada por paredões, na qual desde 1944 existe a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Objetos e fotos deixados no local pelos fiéis são testemunhos das graças alcançadas. Uma queda d’água com mais de dez metros de altura completa o encanto de cenário. No local é realizada em outubro a Romaria da Penitência.
Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens
Em estilo gótico, é uma das maiores igrejas do Estado, idealizada pelo padre José Alberto Espíndola, cujos restos mortais estão no interior da igreja. O padre ganhou fama de santo e a população atribui a ele várias graças. Uma curiosidade arquitetônica da igreja é que há três entradas semelhantes à principal. Inaugurada em 1973, depois de oito anos da pedra fundamental, foi construída graças às doações da comunidade – não só em dinheiro, mas muitas vezes em produtos agrícolas colocados posteriormente à venda.
Inscrições rupestres
O sítio fica no Morro do Avencal, com acesso no quinto quilômetro da estrada que vai para São Joaquim. São inscrições deixadas por povos que habitaram a região há pelo menos 4.000 anos, um dos mais importantes registros arqueológicos em território catarinense. Presume-se que esses povos considerassem sagrado o local das inscrições.
Destaca-se a imagem perfeita de um rosto, a “Máscara do Guardião”, que deve ser procurada atentamente pelo visitante.
Morro da Igreja
Para fazer a visitação ao Morro da Igreja, precisa de autorização no ICMBio, pelo fone (49) 3278-4994 ou por e-mail: agendamentoparque@hotmail.com, sem cobrança. Localizado a 29 km do centro de Urubici, o morro sedia uma base de aeronáutica que controla o espaço aéreo de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. É o ponto habitado mais alto do sul do Brasil. Ali foi registrada a temperatura oficial mais fria do país – 17,8 graus negativos, em 1996.
O vento intermitente dá a sensação de frio ainda mais intenso. Em todos os invernos há, invariavelmente, ocorrência de neve. É um passeio imperdível e de fácil acesso quando o tempo está bom – a subida do morro, cujo topo está a 1.822 metros de altura, é asfaltada. Do alto tem-se uma visão privilegiada da Pedra Furada, interessante formação que se assemelha a uma grande janela natural. Não esqueça de levar agasalhos, porque baixas temperaturas são comuns mesmo no verão. Para evitar neblina, o melhor horário de visitação é entre as 10h e as 15h. Os visitantes podem passar a primeira porteira, que geralmente encontra-se aberta, mas não têm permissão para entrar na área da aeronáutica, a partir da segunda porteira, que permanece fechada e com segurança em tempo integral.
Serra do Corvo Branco
A lendária estrada que foi a ligação pioneira entre o litoral e a serra continua em atividade. A “garganta” de entrada (a estrada começa no meio de dois paredões de pedra, a 27 km do centro de Urubici) proporciona uma visão impressionante. Descer a serra até a cidade de Grão-Pará, como motorista ou passageiro, é uma emoção única, quase comparável à sentida em uma montanha-russa. As curvas fechadas (para se ter idéia do ângulo, caminhadas têm que fazê-las em duas manobras para não invadir a pista contrária e o tráfego de veículos maiores é proibido) e a pequena largura da estrada remetem imediatamente ao tempo em que a estrada era conhecida como “a mais temível” de todo o Brasil. O tempo passou e ela não perdeu sua imponência. Não esqueça, portanto, de testar os freios antes de começar.