Polícia

Polícia deve ouvir 16 testemunhas sobre morte de jovem durante abordagem em MT

Diego Kaliniski, de 26 anos, levou três tiros durante uma abordagem por perturbação de sossego. Um vídeo gravado por pessoas que estavam no local mostram a ação dos policiais. Eles foram afastados do cargo.

Do g1 MT

A Polícia Civil deve ouvir 16 testemunhas sobre a morte de Diego Kaliniski, de 26 anos, que levou três tiros durante uma abordagem por perturbação de sossego, em Vera, a 486 km de Cuiabá. O caso ocorreu nesse domingo (5) e os policiais envolvidos já foram afastados do cargo.

Diego foi abordado próximo a um bar e resistiu à ordem de prisão da PM. A ação policial foi filmada por moradores que estavam no local. O vídeo mostra que a polícia não consegue imobilizar o jovem, que chega a pegar o cassetete e agredir um dos PMs. Alegando que não seria preso, ele não se rende e é baleado.

A PM divulgou uma carta aberta alegando que não é apenas função da corporação garantir a ordem pública e cita o excesso de bebidas e a falta de regulamentação de festas no município. (Leia mais abaixo)

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Bruno Abreu, a polícia já intimou 15 pessoas que estavam no local, além do policial que efetuou os dois disparos para o alto para tentar encerrar a confusão.

“Dois disparos foram realizados pelo sargento que estava atrás, no momento em que a vítima tomou a arma do outro policial. O sargento deu dois tiros para o alto e isso não foi suficiente para cessar a agressão. Logo depois, o soldado que teve o cassetete retirado da sua mão, mesmo recuando e contra a parede, se viu naquela situação e efetuou os três disparos como único meio que ele tinha no momento, já que o outro, mais moderado, foi tirado da mão dele pela vítima”, disse o delegado, se referindo ao cassetete.

Abreu ainda cita o envolvimento da população no caso.

“Se as pessoas não estivessem encorajando a vítima naquele momento, esse fato não teria ocorrido. Ele teria sido preso, levado, seria solto e esse fato não teria ocorrido. Há uma parcela de culpa da sociedade que colaborou com esse evento”, disse.

Carta da PM

Diante da repercussão do caso, o comandante geral da PM publicou uma carta aberta em uma rede social da instituição. Na publicação, ele fala sobre o excesso de bebidas e a falta de regulamentação de festas no município.

“Precisamos falar sobre a ação policial, sim, e para tal, um inquérito está em andamento. Mas precisamos falar também sobre a crise de autoridade que permite um jovem esmurrar um policial a fim de evitar ser conduzido. Precisamos falar também sobre o excesso de álcool, da regulação das festas e da boa educação que procede e previne o comportamento delituoso”, diz trecho da carta.

Entenda o caso

Segundo a PM, eles atendiam uma ocorrência de perturbação do sossego na Avenida Brasil, em Vera. No local, eles abordaram um dos jovens e pediram o documento do veículo em que ele estava. Ele teria se recusado e tentado reagir à abordagem, quando a PM anunciou a prisão por desacato.

Após a ordem de prisão, começou a briga entre o jovem e os PMs, conforme é possível ver no vídeo acima. É possível ver o momento em que ele levanta, pega o cassetete de um dos agentes e tenta bater no policial.

Em resposta, o policial faz os disparos. Depois dos primeiros tiros, o jovem, ainda de pé, tenta seguir, mas é atingido por mais disparos. Ele morreu no local. Um dos tiros atingiu ainda o irmão da vítima, que já teve alta do hospital.

Diego foi velado em uma funerária que fica há duas quadras do lugar em que foi morto. sepultamento ocorreu nesta manhã, no Cemitério Municipal de Vera. Familiares e amigos acompanharam o cortejo emocionados.

‘Escolheram assassinar’

família de Diego acusa a polícia de despreparo na morte do jovem.

“A polícia tinha meios não letais para imobilizar. Eles escolheram assassinar meu primo”, disse Jéssica Vasconcelos, prima da vítima.

A família reconhece a resistência do jovem, mas afirma que houve despreparo da polícia, que poderia ter usado maneiras não letais de conter o jovem. “Ele foi executado a sangue frio”, disse Jéssica.

Os policiais militares envolvidos na abordagem foram afastados dos cargos. Em nota, a Polícia Militar informou o afastamento dos envolvidos e disse que uma investigação também foi abeta para apurar o caso. O Governo do Estado também se posicionou e enfatizou que não compactua com nenhum tipo de violência ou abuso de autoridade.

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