Piscinas naturais e praias quase desertas fazem da Península de Maraú (BA) um refúgio imperdível
A Península de Maraú fica na Costa do Dendê, ao sul da Bahia, entre Morro de São Paulo e Itacaré. Só pela referência aos dois paraísos naturais vizinhos já é possível imaginar a riqueza das paisagens e ecossistemas da região.
A beleza da cidade conquistou o escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe”, que chegou, inclusive, a manter residência no povoado. A importância de Maraú nos séculos passados se revela, ainda hoje, nos prédios de arquitetura antiga, em estilo português, do século XVIII.
A península pertence à APA (Área de Proteção Ambiental) Maraú, unidade de conservação de uso sustentável da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no sul da Bahia, que possui uma série de leis de preservação da natureza.
A cidade que dá nome à região fica ao sul da península, longe das praias. Foi fundada em 1705 por frades italianos que se instalaram na aldeia indígena de Mayra-hú e preserva a igreja, casas coloniaise as ruínas de uma usina de querosene do século 19.
Praias
São mais de 40 km de praias praticamente desertas o ano todo. Mesmo no verão, quando as pousadas ficam lotadas, as praias parecem vazias porque os turistas se dispersam pela vasta costa coberta de coqueirais.
Na maré baixa formam-se dezenas de piscinas naturais, lotadas de peixes, que surgem entre labirintos de arrecifes. Aliás, é importante consultar diariamente a tábua de marés porque as paisagens são capazes de se transformar completamente com as mudanças da lua e das marés.
Em quase todas as praias há pousadas com veículos 4×4, lanchas, catamarãs e bom atendimento, que organizam passeios para toda a região. Um dos mais conhecidos é feito de barco pelas ilhas da península. Ao chegar na ilha do Sapinho para o almoço, a melhor pedida é o guaiamum, um caranguejo azul catado na hora. Outro passeio famoso é para a bela cachoeira do Tremembé, a única no Brasil que deságua no mar. O barco chega tão perto da queda que é possível tocá-la antes de desembarcar.
Barra Grande é a maior vila da península e ainda preserva a simplicidade caiçara, apesar de abrigar as principais pousadas, bares e restaurantes da região.
A praia de Taipu de Fora é considerada uma das mais belas do Brasil porque tem uma piscina natural de um quilômetro de extensão com peixes de todas as cores. No verão, são feitos mergulhos com lanternas para observar a fauna marinha noturna. Já no inverno, as chuvas são mais freqüentes, mas os passeios acontecem normalmente e os períodos de lua nova e lua cheia, quando a maré está seca, são ideais para o mergulho.
A praia dos Algodões com longos 15 km de extensão, possui águas esverdeadas e transparentes, e é o palco ideal para belos mergulhos. Apesar de apresentar boas condições para banho em qualquer fase da maré, é durante a vazante que surgem inúmeras piscinas naturais, boas para a caça submarina. Ainda durante esse período, em que o mar se apresenta recuado, é possível conhecer inúmeras outras praias da região, desde que a bordo de um veículo motorizado.
Local paradisíaco, marcado por generosos corais e algumas belas falésias, a praia dos Três Coqueiros, pela proximidade com Barra Grande, possui também uma boa infra-estrutura, que inclui até uma pista de pouso. Durante a vazante da maré, com veículo motorizado, o visitante pode chegar até bem próximo a Itacaré, e conhecer um trecho do belo Rio de Contas. Este mesmo trajeto, no entanto, não é indicado durante a maré alta, mesmo com tração 4×4.
Cachoeiras
Na Baía de Camamú, em meio ao mar de águas límpidas, matas, rios e mangues, o Rio Maraú despenca em um queda d´água alucinante de 30 metros de largura por 5 de altura, formando um grande lago, ideal para recarregar as energias e aproveitar toda a natureza do lugar. Ponto de encontro do rio com as águas salgadas do mar, o resultado é um banho refrescante na temperatura ideal. De brinde, o visitante ainda pode se deliciar na hidromassagem natural aos pés da queda d´água.
Uma pequena trilha leva ao topo da cachoeira, moradia de extensos seringais. Ali existe também uma curiosa serraria abandonada movida a água e um antigo canal de uma pequena usina hidrelétrica que funcionou no local. O local não possui nenhuma infra-estrutura para a recepção dos turistas, portanto, leve lanche e água.
Ilhas de Maraú
Pequena vila de pescadores, a Ilha do Sapinho desenha uma bela paisagem de manguezal no mar de águas cristalinas. Do alto da passarela, tem-se uma visão completa do extenso manguezal.
Na ilha, o visitante pode apanhar as mais diversas frutas diretamente do pé: manga, carambola, cacau, caju, jenipapo, araçá, entre outras. O almoço é imperdível. Frutos do mar é o ponto forte. Nos cativeiros dos restaurantes, o visitante pode escolher seu futuro prato ainda vivo – lagostas, caranguejos e gaiamuns – e a forma de preparo.
Após aproveitar as iguarias culinárias de Sapinho, a pedida é atravessar de barco os 200 m que a separam da Ilha do Goió e relaxar à sombra das árvores que enfeitam a paisagem da ilhota formada por manguezal e com uma estreita faixa de areia branca e fina, enfeitada por conchas. De quebra, um banho no marzão de águas tranqüilas.
Cultura
Mandú – É apresentado na semana que antecede ao carnaval. O nome significa “Pessoa sem Juízo”. Os jovens fantasiam – se com balaios e panos coloridos, formando figuras disformes e desfilam pela cidade, tocando um instrumento feito com casulo de molusco (búzio).
Caipora – Ente fantástico, que segundo as regiões ora é representado como uma mulher unípede que anda aos santos, ora como um caboclinho encantado, ora como um homem colossal montado em um porco do mato, ora como é representado em Maraú, uma criança de cabeça enorme, feita com abóbora, iluminada com uma vela. O desfile é animado pela Filarmônica e acompanhado pela população.
Terno de Almas – Ritual do século passado. Homenagem aos mortos. Tem inicio na quaresma e termina nas sexta-feira santa. Percorre sete encruzilhadas, contando sete passos; param e cantam, mais sete passos; param e oram, até chegarem ao cemitério da cidade a meia noite, onde o ritual termina.
Manifestações culturais atuais
Festival da Tainha – Já em sua sexta edição, esse festival cultural e gastronômico tem se destacado na Península. Competições de pratos a base de tainha, desfiles e danças folclóricas são os principais pontos dessa festa.
Mascarado – Apresentado durante o carnaval, com a participação da comunidade, que produz por meios artesanais suas próprias mascaras. Usando – as no desfile que percorre a cidade.