Inspiração para Jorge Amado, Ilhéus é a Princesinha do Sul do litoral baiano
Com natureza exuberante, história e cultura, o litoral da Bahia é um destino muito procurado, tanto por brasileiros quanto por estrangeiros. São tantas as atrações que o sul baiano já foi cenário para muitos filmes e novelas. Essa região foi eternizada em romances que cruzaram os oceanos, publicados em dezenas de idiomas. Destaque para Ilhéus, conhecida como Princesinha do Sul, cheia de histórias, com um cheiro inconfundível de cravo e canela, um sabor inigualável de chocolate e ainda tendo a maior extensão de faixa de areia do litoral da Bahia.
A história Ilhéus se mistura com a de Jorge Amado, que na verdade nasceu na vizinha Itabuna. O autor baiano viveu grande parte de sua vida lá e construiu suas principais obras tendo como plano de fundo Ilhéus. Para quem viu novelas e minisséries baseadas nas histórias de Amado, cada esquina pode reservar uma parte do cenário dessas produções. O Bar Vesúvio, a Casa de Jorge Amado, o Bataclan e a Catedral de São Sebastião são alguns dos lugares que podem ser visitados.
Ilhéus, a Princesa do Sul, já exportou cacau para o mundo todo e hoje vive do turismo e do seu porto. Com aproximadamente 180 mil habitantes, é o oitavo município mais populoso da Bahia, mas um lugar ainda com muito espaço para a natureza e vista de certos ângulos – como os mirantes da Piedade ou o do Alto da Conquista – ainda aparece uma imensidão de verde e azul. Nessa mistura de águas e cores encontramos a foz de um rio muito importante na região e que fica no Centro da cidade, o Cachoeiro.
Falando no Centro Histórico, o ciclo de prosperidade e poder dos senhores do cacau deixou muitas marcas na arquitetura de Ilhéus. O auge do Ciclo do Cacau na Bahia foi por volta de 1930. No início do século 20, as filhas dos coronéis e as filhas da elite local estudavam no complexo de arquitetura neogótica, que abriga uma escola, o convento e a Igreja Nossa Senhora Piedade, concluído em 1928. É uma das mais belas arquiteturas que ainda sobrevivem no Centro Histórico.
Já o Palácio Paranaguá foi construído em estilo neoclássico em 1907. O prédio, onde funcionava a prefeitura, sofreu algumas reformas ao longo do tempo, mas a arquitetura original foi preservada. Hoje, o palácio abriga uma secretaria municipal e também uma exposição permanente de fotografias de Ilhéus de várias épocas. A velha igreja da principal praça da cidade foi substituída pela Catedral São Sebastião, com sua abóboda de 48 metros de altura. Sua arquitetura é eclética e essa construção à época despertou muita polêmica, demorando quase 30 anos para ser concluída.
História
O município de Ilhéus foi fundado em 1535 e nunca teve grande vulto nacional até se firmar como maior produtor mundial de cacau no início do século XX. Nesse período ocorreram importantes mudanças demográficas, culturais e espaciais, decorrentes da consolidação e expansão dessa monocultura.
A construção de um porto marítimo em Ilhéus, por volta dos anos 1920, permitiu o estabelecimento de fortes ligações com países europeus e essa relação passou a influenciar o comportamento social e a arquitetura local da época. Começam a surgir neste período, em decorrência de um intenso processo de modernização urbana, suntuosas mansões e grandes prédios públicos e privados que ainda hoje atraem a atenção de residentes e turistas.
Muitas dessas construções são apontadas hoje como patrimônio histórico de Ilhéus. Por muitas décadas o cacau trouxe riqueza, luxo e prestígio para a região. No entanto, a partir da década de 1980, uma série de fatores provocou uma profunda crise na produção e abalou a economia de toda região produtora. Entre esses fatores destacamos a proliferação do fungo vulgarmente conhecido como “a praga Vassoura de Bruxa” que devastou os cacaueiros.
A crise econômica que se instaurou após a decadência dessa monocultura provocou a falência de muitos produtores e a miséria de grande parcela da população historicamente empregada nas fazendas dedicadas à produção do cacau. Diante desta crise regional o poder público municipal se viu obrigado a estimular outras atividades, visando recuperar sua economia, e passou a investir em setores que até então não passavam de meros coadjuvantes do cacau.
O turismo foi uma das atividades escolhidas para promover a recuperação econômica de Ilhéus. Além dos diversificados atrativos naturais e históricos, a existência de um porto internacional e de um aeroporto garantiu a facilidade de acesso ao município.
VESÚVIO – É nessa praça que fica um bar/restaurante que ficou famoso em todo o mundo: o Vesúvio. Descrito no famoso romance Gabriela, cravo e canela, do escritor Jorge Amado, o Vesúvio completa 101 anos em 2020. O sobrado azul-claro passou recentemente por uma reforma e no andar de cima já abrigou um cinema e um cabaré frequentado pelo próprio Jorge, que morava ali pertinho. Aliás, as trajetórias do cacau e de Ilhéus se confundem com a obra do genial escritor, traduzida para mais de 45 idiomas.
Atualmente, o restaurante/bar serve uma comida árabe maravilhosa e o curioso é que o seu interior exala um cheiro agradável de cravo e canela.
Bem pertinho do Vesúvio, na Rua Jorge Amado, num palacete amarelo, fica a antiga residência da família Amado, onde o eterno Jorge viveu e escreveu seus primeiros textos e que, depois de reformada em 1997, foi transformada em Casa de Cultura Jorge Amado.
O palacete foi construído em estilo neoclássico em 1920, ocupa área de 600 metros quadrados com cinco metros de pé-direito, piso de jacarandá e lindos azulejos ingleses. Nela, os visitantes encontram uma pequena exposição de roupas do escritor, objetos pessoais e uma lojinha.
BATACLAN – Andando um pouquinho mais pelo Centro Histórico, encontramos um outro lugar muito descrito na obra literária de Jorge Amado, o famoso cabaré Bataclan. Próximo ao porto da cidade, e frequentado por boêmios, coronéis do cacau e a elite local, o Bataclan foi uma célebre casa noturna comandada pela famosa Maria Machadão. Muitas decisões políticas foram tomadas nas mesas desse famoso bar, que representou uma fase áurea daquela época.
Depois do apogeu, o Bataclan ficou fechado por muitos anos, sendo reformado no início dos anos 2000. A fachada continua a mesma, mas o cabaré e o cassino deram lugar a um ótimo restaurante de comida regional, e tem também uma reprodução do quarto da cafetina Maria Machadão e, vez ou outra, um animado forró pé de serra.
Praias
Ilhéus é uma ótima opção para quem quer curtir dias de descanso — afinal, com o litoral mais extenso do estado, são quase 100km, balneários não lhe faltam. O município fica praticamente no centro litorâneo do Brasil. São belas praias, divididas entre as do norte, do centro e do sul.
As do norte, com grandes extensões de areia, preservam áreas pouco habitadas e frequentadas. As do centro, como Malhado, Avenida e Cristo, costumam receber praticantes de esportes. Ali está o Porto do Malhado. Já as do sul são procuradas por seus quiosques e hotéis.
Em geral, no leque de opções, há desde as praias movimentadas às mais pacatas. A Praia dos Milionários, que ganhou esse nome por conta das mansões dos barões do café construídas neste trecho da orla, é um prato cheio para quem procura agito. Com águas calmas e grande faixa de areia, o local oferece um dos melhores serviços da região. Não faltam quiosques com as delícias baianas para o turista curtir o dia, a sete quilômetros do centro.
Chocolate
Estar em Ilhéus é mergulhar um pouco na história do cacau. A Bahia é responsável pela produção de mais da metade de todo o cacau produzido no país. Os chocolates fabricados em Ilhéus contem maior percentual de cacau, sendo comparados aos famosos chocolates suíços.
A produção do chocolate em Ilhéus começou após a crise da cacauicultura com a infestação da praga conhecida popularmente como “vassoura de bruxa” que atacou as plantações de cacau da região. A partir daí, novos frutos foram estudados e cultivados com objetivo de produzir chocolate de alta qualidade.
Para o chocolate ter a denominação de origem, ele precisa ser fabricado com apenas uma variedade de cacau e com frutos da mesma região. Isso acontece porque o sabor e o aroma do chocolate modificam dependendo da variedade do fruto e da localidade.
A maior parte do chocolate produzido na cidade é feito com alto teor da fruta, com menor percentual de carboidratos e com amêndoas selecionadas de cacau especial, cultivado em fazendas certificadas do sul da Bahia.
Os nibs, como são denominados os pequenos fragmentos da amêndoa do cacau são ricos em flavonoides, um poderoso antioxidante que protege as artérias e o coração. Também contém magnésio, que ajuda a combater a tensão pré-menstrual e a insônia. Além de delicioso, o chocolate de origem traz benefícios à saúde.
Ilhéus oportuniza a experiência de conhecer todo o processo produtivo do chocolate de alta qualidade com o turismo rural. O visitante faz um tour pelas fazendas de Ilhéus, onde poderá conhecer todo o processo de beneficiamento do cacau, da colheita, a secagem nas barcaças, o preparo da semente, culminando na degustação dos chocolates de origem.
Fazenda Almada – A fazenda oferece uma área de projeto para a observação científica do Mico Leão da Cara Dourada, que se tornou extremamente raro. Existe uma variedade de flora e fauna maior do que na mais famosa floresta amazônica.A Fazenda Almada situa-se na área da Mata Atlântica, segunda maior região de floresta tropical do Brasil ao lado da Amazônia, onde a floresta foi preservada em grande parte devido à cultura natural de cultivo do cacau. Ela existe desde 1855 com direção da mesma família.
Fazenda Contendas – Em um local paradisíaco, a Fazenda Contendas tem vários espaços dispersos em ambiente bastante agradável. Por suas trilhas pode se notar a presença de animais, pássaros, lindas paisagens e a muitos outros encantos. Tem passeio de cavalo pela fazenda e a prática de pesca no rio. O passeio de barco é uma atração à parte.
Fazenda Yrerê – A Fazenda Yrerê está localizada as margens do Rio Cachoeira a sombra da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Parte antiga da sesmaria (sistemas que o rei de Portugal doava as terras em troca de plantios) foi doada pela coroa portuguesa á família de alemãs no ano de 1814. Além da produção de Cacau, trabalha também com turismo rural, fabricação artesanal de móveis rústicos, flores tropicais, artesanato decorativo, patchwork e produz um chocolate de alta qualidade que tem por nome: “Chocolates Yrerê”.
Fazenda Primavera – A Fazenda Primavera é um caso típico de realidade que inspirou a ficção. O proprietário Virgílio Amorim abriu as porteiras para os turistas depois que a vassoura-de-bruxa quase acabou com a principal fonte de renda da região na década de 80.
No pequeno museu da sede, documentos, móveis antigos, fotos e objetos contam a história da família misturada com a saga do cacau. Tem a credencial do órgão que regulamenta os museus do Brasil e consta no Guia de Museus Brasileiros. Já é um museu registrado.
Fazenda Provisão – Com uma área privilegiada e abundante em recursos naturais, a Fazenda Provisão está localizada às margens do rio Almada, aberta a todos aqueles que desejam ter uma experiência diferenciada junto à natureza, à história da região, à cultura cacaueira, num ambiente aconchegante com cheiro, gosto e clima típicos uma fazenda tradicional.