O governo do estado anunciou na manhã de sexta-feira (09) que a volta às aulas presenciais na rede estadual de ensino será no dia 19 de outubro. A data só é válida para alunos do 3° ano do Ensino Médio e da quarta fase do EJA (Educação de Jovens e Adultos). As outras séries não voltarão até o fim do ano.
A escolha pela volta prioritária do 3° ano é para que os alunos não sejam ainda mais prejudicados no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), com data da primeira fase marcada para o dia 17 de janeiro. O governo estima que pouco mais de 120 mil alunos voltarão às salas de aula nesse momento. A secretaria vai adotar a aprovação automática – ninguém será reprovado.
“Em janeiro, tem Enem. Precisamos que esses alunos sejam competitivos. A ideia desse ano, por óbvio, é não reprovar ninguém, mas proporcionar esse aluno para que ele tenha conhecimento necessário”, comentou o governador em exercício Cláudio Castro.
Secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt confirmou a defasagem no aprendizado dos alunos da rede estadual, que não tiveram acompanhamento adequado online. Segundo ele, não dá para resolver “em 35 dias o que não foi feito em 180”. “Não vamos poder reinventar nada fora do normal. Esse calendário vai ser comunicado na terça-feira. Não faremos mágica achando que vamos recuperar em 35 dias o que não foi feito em 180 dias. Mas confio nos educadores do estado do Rio, conheço as carências que existem”.
Estudantes que não se sentirem à vontade para retornar este ano poderão cursar a 3ª série do Ensino Médio no ano que vem. “O ciclo escolar básico não se limita ao ano de escolarização. O menino do sexto ano do Fundamental continua mais sete anos na rede. Por isso, queremos dar o mínimo de condições para os que estão inscritos nesta prova (do Enem). Aqueles que não se inscreveram, estamos dando a opção de retornarem ano que vem para readquirir o que foi déficit”, disse Bittencourt.
Sobre a volta das outras séries, o secretário destacou que “não há chance de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental ao 2° ano do Ensino Médio voltarem esse ano”.
Professores farão autodeclaração comunicando comorbidades
Entre os educadores, a exceção para a volta são os servidores com mais de 60 anos, além de gestantes, mulheres que acabaram de ter filho e pessoas com doenças crônicas, por estarem no grupo de risco da covid-19. Os professores deverão preencher uma autodeclaração detalhando os motivos para a permanência em casa. Os que voltarem a lecionar nas salas de aula receberão horas extras, a Gratificação por Lotação Prioritária (GLP). “Quem é do grupo de risco não precisará voltar. Basta uma autodeclaração. E a secretaria pretende repor esses professores”, afirmou Cláudio Castro.
Particulares já voltaram
As escolas particulares retomaram as aulas no dia 1° de outubro, após decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), mas algumas ainda convivem com o temor da covid-19. Na quarta-feira, o tradicional Colégio Santo Inácio suspendeu as aulas após suspeita de covid-19 em um aluno do 1° do ano do Ensino Médio.
Sindicatos condenam
O Sindicato dos Professores do Rio (Sinpro-Rio), em comunhão com os outros Sinpro do interior Fluminense, entre eles o de Macaé e Região, mantém firme que ainda não é hora de retornar, já que a Capital convive com a bandeira vermelha e um crescimento de óbitos e pessoas infectadas.
Em Macaé e Região, o Sinpro continua combativo para que os municípios de sua área de abrangência não embarquem na decisão genocida, que coloca em risco a vida de milhares de pessoas, e mantenham o posicionamento assertivo de não autorizar as aulas presenciais enquanto não houver um respaldo técnico de instituições de ciência e pesquisa como a Fiocruz e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Só em 2021. Falta muito pouco para terminar o ano letivo e sabemos que estamos em um mês de rematrícula. É o lucro acima da vida. A maioria das escolas não estão preparadas para manterem os protocolos adequados para a prevenção da Covid-19, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta, além de terem que testar em massa todos os profissionais da educação”, disse Guilhermina Rocha, presidente do Sinpro.