Verão de MT será mais quente, intenso e terá menos chuvas até março
Neste ano, Cuiabá atingiu recordes de temperatura batendo a casa dos 44ºC no mês de outubro, segundo a meteorologia.

As altas temperaturas e as recentes ondas de calor que têm elevado a temperatura para acima de 40°C nos últimos meses devem permanecer em Mato Grosso neste fim de ano e até março de 2024, durante todo o verão, por causa dos efeitos do El Niño, como explica a meteorologista do Climatempo Josélia Pegorin. A previsão é que esse verão tenha temperaturas mais altas que os verões passados, porém com bem menos chuva que o normal para essa época.
“Estamos chegando ao fim de 2023 com a influência do fenômeno El Niño com forte intensidade. O El Ninõ começou a se organizar lá no Outono de 2023 e de lá para cá a costa do Peru, do Oceano Pacífico equatorial só foi se aquecendo. O El Niño causa grandes mudanças na circulação de vento sobre a América do Sul e isso influencia na distribuição de umidade sobre o país, dificultando a ocorrência de grandes áreas de chuva. Com menos nebolusidade, damos mais espaço para horas de sol forte e as temperaturas ficam mais elevadas também por mais tempo”, esclarece Josélia.
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o verão reflete o aumento da temperatura em função da posição relativa da Terra em relação ao Sol mais ao sul, tornando os dias mais longos que as noites e com mudanças rápidas nas condições de tempo com condições favoráveis a chuvas fortes e tempestades. No entanto, os efeitos do El Niño, que ainda serão sentidos nos primeiros meses do ano que vem, dificulta essas condições e acaba mudando o cenário.
“Vai ficar difícil nós termos, por exemplo, nesse verão, a organização da zona de convergência do Atlântico Sul, aquele fenômeno que deixa Mato Grosso com muitos dias consecutivos com nebolusidade e chuva. Isso aconteceu no verão passado, mas dessa vez ficará difícil. Isso facilita a instalação desses sistemas de alta pressão atmosférica sobre o Brasil, que é o que gera essas ondas de calor”, afirma a especialista.
Mato Grosso teve registros de recorde de calor em vários dias neste ano, desde setembro. No dia 12 de setembro, por exemplo, entre as cinco maiores temperaturas do Brasil, quatro eram cidades mato-grossenses: Cuiabá, Rondonópolis, Porto Estrela e Diamantino. Cuiabá foi a capital mais quente do país por mais de uma vez. Em 19 de outubro, Cuiabá atingiu recorde histórico de 44,2°C pela medição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a maior temperatura já registrada desde 1911.
Os índices chamaram atenção por serem em períodos atípicos como outubro e novembro, quando as chuvas costumam chegar com força e amenizar o calor de agosto e setembro em Mato Grosso. Com o início deste verão e o fenômeno El Niño ainda causando efeitos no clima, o calor extremo deve continuar nos próximos meses e as chuvas serão irregulares.
“Até o final do verão, em março, nós vamos ter episódios de temperaturas altas em Mato Grosso, não necessariamente com ondas de calor com critérios estabelecidos, mas vamos ter pela frente um verão realmente quente com temperaturas acima do normal. A grande preocupação é que a tendência é que a chuva seja abaixo do normal em Mato Grosso, uma chuva muito irregular. De qualquer forma, a população e os agricultores precisam ficar atentos a um verão mais quente que o normal e com menos chuva por causa ainda do fenômeno El Niño”, conclui.
Kethlyn Moraes | RDNews