Polícia

Preso deixava cadeia de Hilux, gerenciava negócios e voltava só para dormir, diz PJC

Janderson dos Santos Lopes aumentou o patrimônio com imóveis, veículos e gado no período em que já cumpria pena em regime fechado.

Da redação | RDNews 

Um dos principais alvos da Operação La Catedral, Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, preso na Cadeia Pública de Primavera do Leste, deixava a unidade prisional todos os dias pela manhã em uma caminhonete Toyota Hilux, gerenciava seus negócios – como transportadora, construções imobiliárias e fazendas – e depois voltava ao local apenas para dormir. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, nesta quinta (09). A investigação apontou que ele inclusive aumentou seu patrimônio no período em que ficou preso.

O inquérito que resultou na Operação La Catedral reuniu relatórios financeiros e investigativos e identificou atividades ilegais envolvendo, principalmente, presos e o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste. Janderson, detido em regime fechado após ser condenado a 39 anos de reclusão, e o diretor da unidade prisional, que receberia propina do suspeito, foram os principais alvos da operação.

Conforme aponta o inquérito, treze veículos adquiridos durante o esquema estão apreendidos na coordenada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos do município, como caminhonetes, caminhões, veículos de passeio e maquinário agrícolas. Uma das caminhonetes apreendidas, a Toyota Hilux, estava estacionada em frente à cadeia pública de Primavera. Era com ela que Janderson saía da unidade prisional diariamente. Conforme a PJC, ele circulava livremente pela cidade e retornava apenas no período noturno.

Durante o período, ele aumentou seu patrimônio também com imóveis e mais de 150 cabeças de gado.

Segundo a Polícia Civil, foi criado um esquema criminoso para comprar facilidades, movimentar dinheiro obtido ilegalmente e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos. Para legitimar os valores recebidos, os investigados utilizariam pessoas para movimentar os valores ilícitos e adquirir veículos, imóveis, gado e construções, a fim de dar aparência de legalidade ao dinheiro ilícito.

O esquema seria liderado por Janderson e incluía a venda de benefícios dentro da cadeia e, principalmente, a autorização de trabalho externo e alojamento privilegiado na cadeia. A equipe policial apurou que Janderson teria autorização judicial para trabalhar externamente e frequentar a faculdade em Primavera do Leste. No entanto, no período apurado, foi constatado que ele não compareceu ao trabalho e nem às aulas do curso.

Janderson estava cumprindo pena por duas operações anteriores da Polícia Civil, que apuraram os crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Movimentação milionária

Dados analisados na investigação, do relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), demonstraram transações realizadas entre os próprios investigados, corroborando, assim, os vínculos típicos de associação criminosa. Entre fevereiro de 2022 e novembro do ano passado foram feitas movimentações bancárias em valores que vão de R$ 485 mil a R$ 24 milhões. Além das transações entre si, os investigados também receberam créditos e efetuaram depósitos em contas bancárias de presos ou familiares de presos.

A equipe de investigação identificou uma propriedade rural, próxima ao município de Dom Aquino, em que o criminoso criava gado bovino de corte. “O gado em confinamento representa um ativo de fácil liquidez, pois é comercializado em várias etapas na cadeia produtiva. Dessa maneira, o criador pode escolher o melhor momento para comprar e vender o animal, aproveitando-se do fato de que não é um produto perecível e também devido à existência de vários fornecedores e consumidores”, apontou a equipe de investigação.

Além das ordens de bloqueio de valores e sequestro de bens, Janderson e a companheira tiveram as prisões preventivas decretadas. A Justiça também determinou, após a representação da Polícia Civil, a transferência dele e de outros três investigados para diferentes unidades prisionais do Estado.

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