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Polícia monta força-tarefa para investigar ginecologista por crimes sexuais após mais de 50 mulheres

Uma das vítimas diz que foi abusada quando tinha 12 anos, durante consulta. Médico segue preso e defesa diz que ele manteve 'simples exercício profissional'.

Guilherme Rodrigues, g1 Goiás

A Polícia Civil montou uma força-tarefa, nesta quinta-feira (30), para investigar o ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, preso suspeito de crimes sexuais, após mais de 50 mulheres entrarem em contato com a delegacia, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Entre as denúncias, está a da Kethlen Carneiro, de 20 anos, que procurou a corporação para relatar que foi abusada por ele quando ainda tinha 12 anos.

 

“Ele veio me falar que eu podia começar a me masturbar. Me mostrou histórias em quadrinho pornô e vídeos. Me mandando os links e quais eu podia assistir. Depois levantou, pegou minha mão e colocou nele, na parte íntima dele”, disse.

 

Em nota, a defesa do médico disse que teve acesso apenas a algumas partes do inquérito e que, até então, “consta somente o simples exercício profissional” e que “em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”. Além disso, ressaltou que outras pacientes se dispuseram a depor em favor dele.

A delegada Isabella Joy contou ainda que os telefones da delegacia não param de tocar. “A cada hora cresce, recebemos ligações. Até o momento temos ideia de umas 52 ou 54, mas creio que nós podemos chegar até umas 100 vítimas”. Ao todo, 41 mulheres já foram ouvidas e outras 20 devem prestar depoimento nos próximos dias.

De acordo com a delegada, devido à quantidade de denúncias, foram convocadas mais agentes mulheres e escrivãs para atender as vítimas. Até então, o médico era investigado por violação sexual, mas deve responder também por estupro de vulnerável.

“Nós temos uma vítima que foi quando tinha 12 anos, então, foi estupro de vulnerável. Hoje, ela já é maior de idade, mas vai responder também”, disse a delegada.

Segundo a polícia, o médico já foi condenado pelo mesmo crime no Distrito Federal, em 2019. Mas, como era réu primário, ele não foi preso. Ainda de acordo com a corporação, ele também foi denunciado no Paraná, mas o caso foi arquivado em 2018. A corporação não disse o motivo.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou, por meio de nota, que soube das denúncias contra o profissional na quarta-feira (29) e que “vai apurar o caso e a conduta do médico no exercício profissional”.

Relato de outras mulheres

 

Uma outra paciente relata que foi abusada pelo ginecologista durante o atendimento. Ela decidiu falar sobre o caso após a prisão do médico.

“Ele teve conversas inadequadas, me mostrou sites obscenos, brinquedos eróticos e tocou em mim não da forma que um ginecologista deveria tocar. Quando ele colocou minha mão da parte íntima dele, sabe?”, disse a paciente, que não quis se identificar.

A vítima conta que fez o pré-natal com o médico e precisou de acompanhamento após o parto por problemas hormonais. O abuso relatado teria acontecido em uma das consultas.

“Quando ele começou a me tocar, tirou a minha camisola e começou a passar a mão pelo meu corpo. Foi a partir desse momento que eu vi que não era algo que um ginecologista deveria fazer”, completou.

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