PF mira grupo suspeito de fraudar licitações em Distrito Indígena; dano de R$ 1,3 milhão
Polícia Federal identificou que alguns servidores do DSEI-Cuiabá recebiam vantagem indevida de particulares, para que favorecessem suas empresas nas contratações junto ao órgão.

Do RDNews
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram, nesta quarta-feira (23), a operação Portare, com o objetivo de combater a corrupção e a falta de lisura nos certames licitatórios em contratos firmados com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-Cuiabá).
São cumpridos 17 mandados de busca e apreensão e busca pessoal em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Brasília, Rio de Janeiro, Boa Vista e Campo Grande. As ordens judiciais foram expedidas pela 7ª Vara Federal de Mato Grosso.
Segundo a PF, a investigação teve início a partir de denúncias anônimas que indicavam a inexecução contratual, com indícios de superfaturamento no contrato de fornecimento de veículos para o DSEI-Cuiabá. A contratação emergencial aconteceu nos anos de 2023 e 2024, inclusive com informações de favorecimento da contratada, fraudes e acertos prévios entre agentes públicos e particulares.
O prejuízo ao erário identificado atinge o valor de R$ 1,3 milhão, além do pagamento de vantagem indevida a servidores e outras irregularidades.
No decorrer da apuração, a Polícia Federal também identificou que alguns servidores do DSEI-Cuiabá recebiam vantagem indevida de particulares, para que favorecessem suas empresas nas contratações junto ao órgão.
Em licitação homologada em 2025 para a contratação de serviços de locação de veículos, cujo principal item foi vencido com proposta de R$ 25 milhões, apurou-se novos indícios de irregularidades. Entre eles, violação de sigilo funcional, proposta de preços inexequível, inexecução parcial de contrato com a entrega de veículos em quantidade e categorias inferiores ao estabelecido na licitação, além de novas suspeitas de pagamentos de vantagens indevidas.
Além do cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foi deferida medida de sequestro de bens em face de 10 envolvidos, que somadas perfazem a quantia de cerca de R$ 20 milhões. Dois servidores públicos foram afastados dos seus cargos.
As medidas cautelares da operação de hoje objetivam angariar elementos que contribuam para a instrução da investigação. Confirmada a autoria dos crimes, os responsáveis poderão responder por peculato, contratação direta ilegal, fraude à execução do contrato, frustração ao caráter competitivo de licitação, além de outros porventura praticados, como os delitos de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Indígenas denunciam saúde precária
Em janeiro deste ano, indígenas da etnia Enawenê-nawê denunciaram saúde precária nas aldeias em Juína (a 734 km de Cuiabá) e foram até o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) para pressionar o então coordenador da unidade, Aldi Gomes, cobrando providências.
Após manifestações, Aldi Gomes se defendeu e culpou a gestão anterior pelo sucateamento da saúde indígena nas aldeias em Juína e Brasnorte, no Norte do Estado. Um mês depois as manifestações, Aldi foi exonerado.