O que fizeram com a minha filha não se faz nem com animal, diz mãe revoltada
Ana Paula falou durante o velório da filha e não crê que a suspeita Natally tenha agido sozinha.

Patricia Sanches e João Aguiar | RDNews
Ana Paula Azevedo, mãe da jovem Emily Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, afirma estar revoltada com a crueldade com que a sua filha foi assassinada, tendo tido sua bebê arrancada do ventre ainda viva. A mãe da adolescente conta que a jovem era uma menina cheia de sonhos, que queria formar a sua família, mas que, infelizmente, confiou nas pessoas erradas.
“Pessoas que não se pode chamar de pessoas porque eles não são nem humanos, mas eu peço muito para essa autoridade, alguém que possa nos ajudar, que coloque na cadeia quem tem que ficar na cadeia, porque eles não têm que ficar impunes, porque o que eles fizeram com a minha filha não se faz nem com um animal”, dispara a mãe, em entrevista à imprensa, durante o velório de Emily na Capela Jardins, em Cuiabá, nesta sexta (14).
Ana Paula diz que não acredita Nataly Hellen Martins Pereira, mulher que confessou o crime, tenha agido sozinha como ela tem dito às autoridades policiais. Três homens, incluindo o marido de Nataly, chegaram a ser conduzidos para a delegacia nesta quinta (13), mas foram liberados. Apesar disso, eles seguem sendo investigados. “Não teve como ela (Nataly) agir sozinha porque, pelo dano que eles fizeram no corpo da minha filha, ela sozinha não conseguiria, ela teve a ajuda de pessoas que eu não gosto nem de falar, porque isso me machuca, isso me dói, como mãe, como ser humano, eu não desejo nem para a pior pessoa do mundo o que eles fizeram com a minha filha”, desabafou a mãe.
Em seguida, ela disse acreditar na Justiça dos homens e também na divina. “A justiça vai colocar eles onde eles têm que ficar, que é atrás da cadeia e eu acredito também na Justiça de Deus”.
Ana Paula contou que a filha chegou a falar que uma bombeira havia dito que estava grávida do marido cozinheiro e que, como tinha ganhado muita roupa, gostaria de doar uma parte. Nataly teria prometido pagar o uber para Emily ir buscar a doação e dito que, depois, a levaria de volta para casa.
“Aí na terça-feira, quando eu cheguei do meu trabalho, eu liguei duas vezes pelo WhatsApp e a ligação foi recusada. Aí depois eu só mandei uma mensagem pelo WhatsApp”. Ela detalha que, às 12h30, recebeu uma mensagem, supostamente da filha, dizendo que estava no Uber e não poderia atender. “Eu já fiquei com o meu coração apertado, porque não existe você estar no Uber e você não poder falar, mas eu acredito que naquele momento a Emily já estava em poder deles”, diz a mãe.
A avó da criança também rechaçou parte do depoimento de Nataly em que ela afirma que Emily não queria ficar com a sua filha. “Isso não é verdade, porque a Emily, nós fizemos dois chás de bebê para a Emily, a minha família fez um chá de bebê, a família do esposo fez outro chá de bebê, e a gente sempre estava junto, porque eu sempre estava por perto e ela tinha planos com essa criança”, detalha a avó.
Ainda conforme Ana Paula, a adolescente planejava trabalhar e havia pedido ajuda que a mãe. “Estava super empolgada, animada, feliz com a gestação”.
Durante o depoimento, a polícia questiona quando Nataly teve a ideia de cavar a cova. A mulher, que confessou o crime, afirma que foi um dia antes do encontro, quando a vítima teria dito que não estava muito legal, que não queria a filha.
Bebê passa bem
Ana Paula conta que sua neta, que foi retirada à força do útero de Emily, está bem. Segundo a avó, foi realizado um exame de DNA para atestar que a bebê realmente é a filha da adolescente e que, assim que ele sair, poderá levar a neta para casa.
O caso
Emilly Azevedo Sena, havia desaparecido na terça-feira (11), por volta das 12h, após sair de casa, no bairro Eldorado, em Várzea Grande e avisar a família que estava indo para Cuiabá buscar doações de roupas de bebê. O celular parou de funcionar e a família saiu em procura dela, realizando um boletim de ocorrência às 22h.
Na quarta-feira à noite, Nataly e o marido dão entrada no hospital com uma bebê, alegando que o parto teria sido realizado na residência. A equipe médica desconfiou do caso, pois a mulher não tinha indícios de puerpério. Exames apontaram que a mulher não esteve grávida recentemente e que a criança seria de outra mãe.
Na quinta (13) pela manhã, o corpo de Emilly foi encontrado em uma cova rasa, com pernas e braços amarrados, asfixiada com um fio no pescoço e um corte de faca na barriga, sem o bebê.
Na investigação, a Polícia Civil descobriu que a bebê que estava com Nataly era a filha da adolescente. Quatro suspeitos foram conduzidos, entre eles o marido de Nataly, mas os três foram liberados, tendo permanecido presa apenas a mulher. A investigação aponta que Emilly ainda estava viva quando teve o bebê arrancado do ventre. Os cortes foram precisos e certeiro no útero, não tendo atingido outros órgãos.