Cidades

Mortes em batalhão acendem alerta com saúde mental: “Precisam buscar ajuda”

Especialista salienta pressão constante a que profissionais da Segurança estão expostos e necessidade de amparo do poder público para evitar doenças mentais.

Luis Vinicius | RDNews 

A morte de dois policiais militares na cidade de São José do Rio Claro (MT) no último final de semana acendeu um alerta nos órgãos de Segurança Pública sobre saúde mental dos agentes no Estado. Dentre as razões para esse cenário, considerado preocupante, estão diversos motivos como alto nível de estresse, ansiedade e depressão.

O assunto voltou a ser tema de debates internos depois que o sargento Gabriel Castella, 34 anos, atirou contra a própria cabeça, após ser preso por matar o seu colega, o também sargento William Ferreira Nascimento, de 42 anos. O assassinato ocorreu no refeitório da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar. A reportagem solicitou à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) dados sobre afastamento de policiais por problemas psicológicos, mas não obteve resposta.

O professor Naldson Ramos, doutor em Segurança Pública pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Doutor em Segurança Pública pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o professor Naldson Ramos acredita que os órgãos públicos precisam dar atenção ao assunto para que incidentes como o registrado em São José do Rio Claro não voltem a se repetir.

“Agentes de segurança pública estão constantemente expostos a situações de violência e traumas. Eles são os primeiros a chegar em cenas de crimes, acidentes graves e outras situações de alto estresse. Essa exposição constante pode ter um impacto significativo em sua saúde mental”, explica.

O especialista destaca a importância de fornecer aos agentes os recursos necessários para lidar com suas responsabilidades e manter a sanidade mental.

“A falta de recursos pode aumentar a sensação de desamparo e exacerbar problemas de saúde mental. É importante que esses profissionais sintam que podem buscar ajuda sem medo de represálias ou julgamentos. Essa pressão constante pode levar a altos níveis de estresse e ansiedade”, completa.

Tropa doente

Logo após o episódio no interior do Estado, o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar (ACS), sargento Laudicério Machado, emitiu um posicinamento onde afirma que a “Polícia Militar está doente” e que os agentes necessitam de apoio psicológico. Ele detalha que os fatos ocorridos no batalhão de Sao José do Rio Claro não podem ser vistos como um fato isolado.

“Há tempos denunciamos a falta de atenção e valores junto à saúde mental dos militares, precariedade de condições de trabalho e fragilidade emocional com as quais os profissionais têm vivido. Nós, da associação, nos compadecemos da dor das famílias nesse momento e oferecemos o suporte necessário ao associado. Contudo, precisamos de providências por parte do poder público para que esse tipo de tragédia não ocorra mais”, defende.

Laudicério Machado, presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar (ACS)

Comandante anuncia providências

O comandante-geral da Polícia Militar, Alexandre Mendes, afirma ter designado uma equipe de especialistas em saúde mental da Coordenadoria de Assistência Social para que se dirigir ao município onde a tragédia ocorreu, a fim de acompanhar a equipe policial.

“Verificou-se, a partir da escuta da tropa, a impossibilidade emocional daqueles que cuidam, mas neste momento traumático, precisam antes de cuidados para poderem cuidar”, informou.

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