Justiça mantém preso suspeito de matar esposa e esconder corpo em fossa na região do Araguaia
Homem responderá por homicídio qualificado e estelionato previdenciário, além de ocultação de cadáver.
Da redação | RDNews
O suspeito de matar Irene Soares Alves, de 66 anos, em Bom Jesus do Araguaia (MT), teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça, após passar por audiência de custódia na noite deste sexta (25). Ele era marido da vítima e foi autuado em flagrante pela Polícia Civil pelo crime de ocultação de cadáver, que tem caráter permanente, e responderá ainda pelo homicídio qualificado e estelionato previdenciário.
O homem confessou o crime, ocorrido há três anos. Disse que matou a esposa a pauladas e, depois, enterrou o corpo próximo a uma fossa, nos fundos do quintal do sítio onde ambos moravam, na zona rural de Bom Jesus do Araguaia. Para as pessoas que conheciam a vítima, ele disse que a mulher fugiu com outro homem.
O crime foi desvendado pela Polícia Civil a partir do registro feito na última sexta-feira, 18 de novembro, pela avalista de um empréstimo que Irene havia feito em um banco. Ela foi procurar pela vítima, pois havia uma dívida em aberto na instituição bancária e Irene não haveria honrado o compromisso. A avalista foi então informada pelo marido da vítima que ela havia ido embora para outro estado.
Bens e empréstimo bancário
O suposto desaparecimento de Irene chamou a atenção dos policiais e, diante da suspeita, a equipe de investigação iniciou uma série de diligências para localizar a mulher.
A Polícia Civil constatou que não havia nenhuma notícia do paradeiro da vítima desde abril de 2019. Ela deixou para trás uma propriedade rural na cidade de Bom Jesus do Araguaia, que o marido disse valer em torno de um milhão de reais, um imóvel na área urbana da mesma cidade e cabeças de gado bovino, entre outros bens. Além disso, os policiais apuraram que a vítima realizou um empréstimo de valor consideravelmente alto pouco antes de desaparecer.
No decorrer das investigações, o companheiro da vítima, que convivia com ela há mais de 19 anos, passou a apontar como o principal suspeito e as informações apuradas indicavam que ele havia cometido homicídio contra Irene.
Crime e confissão
Na quinta-feira (23), o companheiro de Irene compareceu à Delegacia de Ribeirão Cascalheira, após intimação, para prestar esclarecimentos sobre o sumiço da vítima. Inicialmente, em conversa informal com o delegado Flávio Leonardo, ele insistiu na história de que Irene teria fugido com outra pessoa. Contudo, após tomar conhecimento de que havia elementos sólidos que o apontavam como o principal suspeito do crime, ele acabou confessando o crime e indicou o local onde enterrou o corpo da vítima.
Segundo o autor do crime, ele matou a vítima a pauladas, atingindo-a na região da nuca, após uma discussão por motivo banal. Em seguida arrastou o corpo para uma fossa, localizada atrás da residência, e a enterrou. Após cometer o homicídio, ele continuou vivendo na residência.
Depois de assassinar a mulher, ele passou a sacar mensalmente o benefício de aposentadoria de Irene, por um período de quase um ano. Ao delegado Flávio, ele disse que parou de fazer os saques da aposentadoria porque ficou com medo de ser descoberto.
A Polícia Civil apurou ainda que o autor do crime vendeu uma propriedade da vítima, em Bom Jesus do Araguaia, por R$ 60 mil, mas o negócio não foi concretizado.
Exame de DNA
A equipe da Delegacia de Ribeirão Cascalheira localizou familiares de Irene, que moram em Goiás e virão a Mato Grosso para a coleta de material biológico, a fim de fazer o teste de comparação de DNA para confirmação da identidade da vítima.
Os restos mortais foram recolhidos do local onde ela foi enterrada e encaminhados para perícia da Politec-MT.
“O suspeito teve o flagrante homologado pela Justiça, que converteu em prisão preventiva. Além disso, vai responder pelo crime de homicídio qualificado em feminicídio, motivo fútil e com recurso que impossibilite ou dificulte a defesa da vítima”, explicou o delegado Flávio Leonardo, acrescentando que o autor dos crimes também será autuado por estelionato previdenciário em continuidade delitiva.