Indígenas são denunciados por assassinato de xavante com requintes de crueldade
O crime, que envolve disputa entre indígenas, ocorreu na Terra Indígena Areões, localizada no Município de Nova Nazaré.
Da Assessoria
O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra quatro indígenas envolvidos no assassinato de Severino Tsaridu Xavante. O crime ocorreu no dia 10 de março de 2021, no interior da Terra Indígena (TI) Areões, localizada no Município de Nova Nazaré (MT).
De acordo com a denúncia, na data dos fatos, Severino foi agredido pelos denunciados e por outros indígenas não identificados, por repetidas vezes, que foram a causa suficiente de sua morte, conforme laudo de necropsia.
Severino foi morto porque comercializava madeira no interior da T.I. Areões e os denunciados eram contrários à comercialização do item, fato que poderia ser levado ao conhecimento dos órgãos competentes. Contudo, os denunciados o assassinaram, demonstrando elevada desproporcionalidade entre o crime praticado e o motivo.
De acordo com a denúncia, o crime foi praticado por meio cruel, com a vítima sendo agredida repetidas vezes na cabeça. O laudo pericial do corpo de Severino apontou como causa da morte trauma no crânio e face. O crime foi cometido na presença do filho da vítima menor de idade que foi segurado e agredido para não ajudar seu pai.
O procurador da República Everton Pereira Aguiar Araújo, que assina a denúncia, ressalta que o crime foi praticado por meio de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. “Severino foi agarrado, arrastado e afastado de seu grupo, derrubado e agredido por mais de dez pessoas, até a morte, sem qualquer chance de defesa”.
Diante disso, o MPF requer o recebimento da denúncia, com a citação dos denunciados para apresentação de defesa, ouvindo-se as testemunhas arroladas e posterior pronúncia e submissão a julgamento pelo tribunal do júri, até final condenação.
Ocorrência – O crime ocorreu no dia 10 de março de 2021, entre às 19h e às 22h, no interior da T.I. Areões, após o automóvel utilizado pela vítima e por mais quatro indígenas ter enguiçado na estrada de acesso para a Aldeia Dois Galhos e outras aldeias vizinhas. Estando o veículo interrompendo a passagem, Severino e os demais foram abordados por alguns indígenas das Aldeias Pequi e Cachoeira, dentre eles, uma pessoa com inimizade notória com a família da vítima. Segundo as testemunhas, o inimigo em questão estava alcoolizado e teria dado início à discussão. Após a discussão inicial, ele teria se deslocado de volta até sua aldeia e chamado diversos outros indígenas, que ajudaram nas agressões. As investigações seguem para identificar pelo menos mais quatro envolvidos no crime.