Polícia

Diretor do presídio de Água Boa é exonerado após indício de tortura contra presos

4 agentes foram removidos para outros municípios depois da inspeção do Gaedic e Corregedoria da Justiça

Da redação/RDNews – Fotos: Bruno Cidade

O diretor do presídio de Água Boa, Valmir Barros Christ foi exonerado nesta quarta (18). A decisão foi tomada após o Grupo de Atuação Estratégica do Sistema Carcerário (Gaedic/Sistema Prisional) e Corregedoria de Justiça constatar indícios de tortura e tratamento cruel, desumano e degradante aos presos no local. Outros quatro policiais penais foram removidos para outros municípios por determinação da Segurança Pública.  A decisão circulou no Diário Oficial (DO) de Mato Grosso.

A vistoria surpresa foi feita em julho e após a conclusão e registro do que foi observado no local, em relatório, o Gaedic e a Corregedoria de Justiça recomendaram ao secretário Jean Carlos Gonçalves que abrisse procedimento para apurar as denúncias, com base nos elementos levantados. Na data da checagem, 624 presos estavam detidos em Água Boa.

No trabalho, os defensores públicos que integram o Gaedic percorreram, junto com os juízes Marcos Faleiros, Emerson Cajango e Eduardo Calmon de Almeida, os raios do presídio, ouviram os presos e identificaram e registraram, em imagens, as lesões corporais. Posteriormente, ouviram os detidos formalmente na sede do Fórum da cidade.

“De todo o apurado foi possível constatar indícios da prática de atos de tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante que precisam ser devidamente apurados em todas as esferas…para coibir atos ilegais e estabelecer um padrão constitucional de devido tratamento aos seres humanos presos naquela unidade”, diz trecho do ofício encaminhado ao secretário Gonçalves.

Os defensores enfatizaram que existem “relatos contundentes” da participação direta, além de conivência, do então diretor do presídio, nas práticas ilegais. E, diante do que relataram, pediram que ele fosse exonerado e os agentes, removidos até a conclusão das investigações. O ofício foi encaminhado à Administração Penitenciária no dia sete de julho.

Além da unidade prisional, em dezembro do ano passado, o mesmo trabalho foi feito no presídio de Sinop, onde a direção e agentes também foram afastados, diante das fortes evidências de práticas de tortura encontradas. E que outras visitas serão feitas ao longo deste semestre.

Participaram da vistoria os defensores André Rossignolo, como coordenador do trabalho, Paulo Marquezini, Érico da Silveira e a defensora Giovanna Marielly Santos. Rossignolo lembra que a vistoria foi feita a partir do recebimento de denúncias.

A exoneração foi assinada por Mendes e pelo chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho Júnior, que no DO de ontem, também nomearam os novos diretor e subdiretor da unidade, Robson Severino Duarte e Edvaldo Alves Martins, respectivamente.

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