Política

Conclusão das casas do Residencial Carvalho deve demorar mais dois anos

Cerca de 100 milhões de reais já foram destinados ao conjunto habitacional que segue com obras paralisadas

Neiriane Santos e Ronan de Sá – Semana7

Em janeiro deste ano, a construtora Resecom pediu à Caixa Econômica Federal (CEF) a rescisão do contrato da obra de construção de casas no Residencial Carvalho, na cidade de Barra do Garças (MT). A instituição analisa a substituição por uma nova empreiteira, que deve ocorrer em até seis meses. A Resecom é a terceira empreiteira contratada para as obras do residencial.

A Câmara de Vereadores de Barra do Garças, por meio de indicação do parlamentar Jaime Rodrigues (MDB), enviou ao Ministério de Desenvolvimento Regional um ofício cobrando providências urgentes quanto a retomada das obras no residencial Carvalho 1, 2 e 3 que fazem parte do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

“Precisamos dar uma resposta para sociedade. Fui eleito vereador para trabalhar, cobrar e fiscalizar as ações que acontecem em Barra do Garças, e essa obra já se tornou uma vergonha para nossa cidade, precisamos urgente de uma solução”, ponderou o vereador Jaime Rodrigues.

Em resposta, o coordenador Geral do Ministério, Breno Molinar Veloso, alegou que a empresa Resecom Construtora Ltda, responsável pelas obras, solicitou em janeiro deste ano a dissolução dos contratos sobre o Residencial Carvalho.

A empreiteira alegou que o orçamento contratado em setembro de 2018 para a retomada das obras das três etapas do residencial no valor de R$ 17.552.803,39 não ampara as mudanças exigidas no novo projeto, principalmente ligadas a drenagem, água e esgoto.

A obra em questão, está sob a gestão da Caixa Econômica Federal que agora analisa a substituição da construtora e afirma que o prazo para o processo uma nova retomada pode chegar a até seis meses, com previsão de conclusão em até dois anos, a partir da contratação de uma construtora substituta.

De acordo com a Caixa, enquanto o processo de substituição segue em análise jurídica, a responsabilidade de proteção e preservação das obras do residencial segue sendo da empresa Resecom.

No início do mandato do prefeito Adilson Gonçalves (PSD), em entrevista ao Semana7, afirmou que cerca de 300 casas poderiam ser demolidas em função da degradação de tempo. A declaração causa indignação na sociedade local.

Residencial Carvalho

As obras do conjunto habitacional foram iniciadas em maio de 2012 e desde então sofreu com diversas paralisações, ocasionadas principalmente por dissoluções de contratos e alternâncias de gestão no Governo Federal.

Em janeiro de 2013 foi contratada para as etapas 1 e 2 a construtora Engecenter Construtora e Incorporadora Ltda pelo valor de R$ 54.150.000,00 enquanto para a etapa 3 em novembro do mesmo ano foi contratada a empresa Larc Construções Comércio e Serviços Ltda pelo custo de R$ 27.702.000,00.

Se considerarmos os valores empregados, pode se dizer que até o momento 99.4 milhões foram destinados ao Carvalho I, II e III, e dizer também que cada casa custaria cerca de 69 mil reais. Mas se colocarmos na conta que 300 delas poderão ser demolidas, teríamos em tese um prejuízo de 20.7 milhões de reais, perfazendo um total R$ 120.1 milhões de reais, o que elevaria o valor de cada unidade seria 83.6 mil reais.

As obras dos residenciais foram paralisadas em 2015 devido a rescisão dos contratos com as empresas inicialmente contratadas pela Caixa. Somente em 2018 a empresa Resecom foi contratada em substituição às empreiteiras anteriores, mas só pode reiniciar os trabalhos no residencial em julho de 2020 após a renovação da licença ambiental para a implantação do conjunto habitacional, expedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA).

Em fevereiro deste ano a prefeitura de Barra do Garças informou que uma equipe técnica avaliava a necessidade de demolição de cerca de 300 residências por conta da estrutura comprometida pela ação do tempo. De acordo com a prefeitura, ainda não havia sido emitido um laudo conclusivo sobre a estrutura das casas e por hora aguardava dados técnicos que são responsabilidade da Caixa e da Resecom.

Depois de quase nove anos em obras, o Residencial Carvalho deve passar pelas mãos da quarta construtora e suas obras só deverão ser finalizadas em até dois anos após a contratação da empreiteira. Enquanto isso as 1.436 famílias contempladas pelo programa aguardam a conclusão para realizar o sonho da casa própria

O Ministério de Desenvolvimento Regional alegou que tem trabalhado para retomar as obras paralisadas, a fim de garantir o acesso à moradia digna às famílias beneficiadas pelo programa.

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