Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) revelou que o sentimento mais recorrente entre os professores da rede municipal durante a pandemia é a angústia e que 61,2% têm medo de se contaminar no ambiente escolar com retorno das aulas presenciais. Ainda, aponta que 29% se diz parte de grupo de risco para desenvolvimento da covid-19 de forma severa.
A pesquisa foi feita por meio de um questionário online com 24 perguntas. Segundo o Sindiserv, todos os três mil professores da rede municipal de ensino receberam, via rede social, o link para acesso ao questionário. O período para resposta foi entre os dias 28 de agosto e 30 setembro e o resultado divulgado na terça-feira (6).
Participaram 510 profissionais (cerca de 17% do total) com idades entre 23 e 65 anos e que atuam desde a pré-escola até o 9º ano. A maioria dos que responderam é de mulheres (92%); a maior parte tem pós-graduação (78,5%), enquanto 0,8% possui apenas o magistério. Quando questionados se possuíam experiência em aulas não presenciais antes da pandemia, 85,1% dos voluntários afirmou que não tinha. Sobre o uso de meios digitais, 55,8% declarou lidar bem com equipamentos e softwares, 41,3% disse utilizar com dificuldades e 3,9% que possui muita dificuldade. Quanto à disponibilidade de recursos (materiais e equipamentos), 78,9% afirmou ter recursos à disposição e 21,1% disse não ter.
Sobre a forma como buscam informações e dicas para os trabalhos online, a maioria disse optar por tutoriais da Internet (47,4%), 34,6% disse não participar de nenhum tipo de treinamento e 7,3% disse estar fazendo capacitações por meio da escola. Para realizar atividades com alunos durante a pandemia, 46,7% produz vídeo aulas, 90,9% elabora atividades para serem enviadas aos estudantes, 43,3% utiliza o livro didático, 74,6% faz correções e leitura dos trabalhos e 32,1% faz aulas ao vivo.
Por parte dos alunos, 43,7% está entregando mais de 50% das atividades e 22% entrega todas. Sobre os estudantes que não entregam as atividades, 36% acredita que o afastamento é causado porque as famílias não conseguem ajudá-los, 28% não têm autonomia para realizar as atividades sem apoio, 23,2% não estão motivados e 12,7% não têm acesso à internet.
Sinpro notifica escolas
Algumas unidades particulares de educação estão descumprindo decretos estaduais e municipais, que suspendem qualquer atividade presencial nos espaços escolares. As denúncias chegaram ao Sindicato dos Professores de Macaé e Região (Sinpro), que solicitou ao Departamento Jurídico a notificação destas instituições, que fazem parte de sua área de abrangência. O documento será enviado em caráter de urgência.
Segundo os denunciantes, donos e diretores de escolas estão criando atividades e reuniões que obrigam a participação de professores, que chegam a se reunir com alunos nas portarias colocando em risco a saúde de todos os frequentadores deste espaço escolar. Entre as ações estão reuniões pedagógica e até “Drive Thru”, que atende os alunos dentro do carro.
Na notificação, o Sinpro Macaé e Região reforçou as escolas e outras instituições de ensino sobre a obrigatoriedade de se observar os decretos municipais referentes às restrições e controles sanitários devido à pandemia da Covid-19. O Departamento Jurídico também pontuou que os proprietários de escolas podem responder civil, penal e administrativamente junto à justiça.
Segundo Guilhermina Rocha esta é uma questão grave que precisa acabar. “Pedimos que todas as atividades fossem encerradas imediatamente para que não precisássemos acionar a justiça. Essa é a melhor forma de zelar pela saúde no ambiente de trabalho, preservando a vida de todos os profissionais de educação, alunos e familiares diretamente envolvidos. Em alguns casos os estudantes acabam abraçando os professores aumentado significativamente o contágio da Covid-19”, contou.
Até agora foram denunciadas unidades de Macaé e Rio das Ostras.
Desde que as escolas fecharam por causa do Coronavírus, em março de 2020, o Sinpro Macaé e Região vem atuando em prol da saúde e vida de professores e alunos. Entre as ações estão a fiscalização nas unidades de educação privadas, o cumprimento dos decretos e o posicionamento dos municípios para que firmem o trato de não retornarem com as aulas presenciais.
Além disso, o Sinpro fez uma parceria com a Fiocruz, uma das mais respeitadas instituições científicas do mundo, para aplicar uma pesquisa junto com o corpo docente para diagnosticar o impacto do trabalho remoto destes professores na saúde emocional, psicológica e física. O Sinpro também teve vitórias judiciais importantes contra a rede Cenec, que demitiu e reduziu salários.