Cidades

Juíza torna réu filho de ex-deputado por feminicídio qualificado de ex e homicídio

Carlinhos responde pelas mortes da ex-namorada Thays Machado e o namorado dela William Moreno.

Bárbara Sá | RDNews 

A juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, tornou réu Carlos Alberto Gomes Bezerra, o Carlinhos, filho do ex-deputado federal Carlos Bezerra, pelos crimes de feminicídio qualificado contra a ex-companheira Thays Machado e homicídio qualificado contra o namorado dela,  William Moreno.

“Destarte, estando a denúncia em ordem e não sendo caso para as hipóteses do art. 395 do Código de Processo Penal, recebo a denúncia ofertada, na forma posta em Juízo, eis que presentes os indícios de autoria e materialidade e, com fundamento no art. 396 do Código de Processo Penal, determino a citação do acusado Carlos Alberto Gomes Bezerra, nos moldes do provimento 19/2020, para, no prazo de dez dias, responder à acusação, por escrito”, diz trecho da decisão da magistrada.

A magistrada aceitou também o pedido de arquivamento proposto pelo Ministério Público do crime de perseguição, uma vez que a vítima não sabia que o réu vinha monitorando ela, minuto-a-minuto.

“Ante o exposto, considerando que a aplicabilidade do caput do art. 28 do Código de Processo Penal, que trata do arquivamento do inquérito policial diretamente pelo órgão ministerial, está suspensa pela ADIN 6298/DF, acolho o parecer ministerial para reconhecer a ausência de justa causa para a deflagração de uma ação penal no que se refere o delito de perseguição e, por consequência, determino o arquivamento do presente Inquérito Policial, neste aspecto, observando o disposto no art. 18 do Código de Processo Penal”, destaca a juíza.

De acordo com a denúncia do MPE, o crime foi cometido por motivo torpe, porque, sentindo-se desafiado pela ousadia da vítima em pôr fim ao namoro, Carlinhos resolveu se vingar dela e do namorado matando-os. “Agiu o denunciado de forma cruel e covarde, revelando extrema perversidade, ao agredir a vítima com diversos disparos de armas de fogo, descarregando uma pistola semiautomática em área urbana de intensa movimentação de pessoas, em plena luz do dia, no horário comercial de um dia útil, causando o risco de vir a atingir também transeuntes que nada tinham a ver com o seu alvo, resultando perigo comum”, diz trecho da denúncia.

O MPE aponta ainda que, embora a vítima estivesse ciente de que, durante o relacionamento o denunciado a perseguia, não sabia que após o término do namoro ele continuasse a monitorá-la, acompanhando todos os seus deslocamentos.

“A ação extremamente calculada do acusado em comparecer naquele local, exatamente no momento em que a vítima estava exposta na calçada de costas para a rua, subtraiu dela a possibilidade de realizar qualquer gesto efetivo de defesa (abaixar-se, correr e distancia-se do atirador), sendo acolhida de surpresa, recebendo os tiros fatais, inclusive, pelas costas. O denunciado resolveu eliminar a vida da vítima por razões da condição do sexo feminino, ou seja, por envolver violência doméstica e familiar (ex-namorada) e menosprezo à condição de mulher”, pontuou.

Contra William, a denúncia destaca que, após os disparos contra a ex, Willian começou a correr rapidamente pela calçada tentando distanciar-se do agressor, mas Carlinhos fez nova manobra no veículo, aproximou-se da vítima e realizou diversos outros disparos em direção a ele, utilizando a mesma arma.

Prisão

Carlinhos foi preso ainda na noite da quarta (18.01), em Campo Verde (MT). Ele foi encontrado na fazenda da família no município. O suspeito havia fugido logo após o crime.

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