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Casos de Covid-19 crescem 606% em 17 dias; falta de máscara e higiene colaboram

Médica virologista diz ainda que esquema vacinal incompleto foi "combo perfeito" para o vírus.

Vitória Lopes | RDNews

Depois que os números da vacinação contra a Covid-19 garantiram uma aparente tranquilidade em relação à pandemia,  permitindo o relaxamento das restrições e medidas de biossegurança em todo o Brasil, o cenário é novamente de preocupação. O País tem registrado aumento de diagnósticos positivos da covid. Em Mato Grosso não é diferente: os casos de infecção cresceram 606% entre os primeiros dias de maio e junho.

Segundo dados do Painel da Covid-19 atualizados diariamente pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), de 1º a 17 de maio, Mato Grosso registrou 890 casos da doença. Já de 1º a 17 de junho, o número de pessoas infectadas subiu para 6.289.

Para a médica infectologista Ana Claudia Pereira, o forte retorno do vírus se deve a vários fatores, entre eles a falta de cuidado com a higiene pessoal, como o uso do álcool em gel  e o abandono do uso de máscara. Ela cita também o esquema vacinal incompleto de grande parte da população. “Foi o combo perfeito” para o coronavírus”.

“Houve esse relaxamento das medidas, que era necessário para impulsionar a economia. Porém, associada a essa não adesão da vacinação, ocasionou esse aumento de casos da doença novamente. O período frio e mais seco do ano, também impulsiona o aumento do número de casos, porque a partícula viral se dissipa com facilidade pelo ambiente”, explica.

Para a infectologista, o fator mais problemático é a falta de higiene pessoal e dos ambientes, além da retirada do uso de máscaras em locais fechados.

“Não foi pelo fato de ter relaxado as medidas de convívio social que a doença aumentou, mas principalmente os hábitos de higiene, que reduziram muito em alguns ambientes onde ainda eram necessários, como manter o uso de máscara. Como ficou optativo, muitas pessoas não a utilizam, e com isso quando a doença começa a retornar num ambiente fechado, e que tem muitas pessoas nele, ela começa a se espalhar mais rápido”.

O painel de Distribuição de Vacinas contra a Covid-19 aponta que, até o dia 9 de junho, apenas 16% da população elegível de idosos estão com o esquema vacinal completo, sendo que 216.543 pessoas já podem receber a 4ª dose. Atualmente, em Mato Grosso, a campanha de vacinação está focada na faixa dos 50 anos. Mas a vacinação das pessoas a partir dos 40 anos deve ser liberada em breve pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa.

“Sequelas” 

É certo que, até o momento, o retorno da covid-19 tem sido menos letal que antes da vacinação, com mais casos de internações em enfermarias e tratamentos caseiros. Mas a doença e suas sequelas ainda estão sendo estudadas pela comunidade científica, por isso o cenário é preocupante. Dependendo da pessoa, as sequelas podem levar de dias até anos para aparecer. Dentre algumas gravidades relatadas pós-Covid estão perda de memória, queda de cabelo e perda do olfato e paladar duradouro.

“Semanas, meses, até anos após ter a doença, o vírus pode migrar enquanto você está doente pra algum local do corpo e causar problemas cerebrais, cardiovasculares, respiratórios, ossos, articulações, no sistema intestinal. Então várias pessoas vivenciaram isso.

“Gripezinha”

A médica avalia que, de certa forma, era esperado que a população tratasse a covid como “uma doença simples”, principalmente após a vacinação. Ela traz um alerta: nós é que vamos ter que nos adaptar ao vírus, que sempre vai continuar circulando.

“Quando adquire a doença, a pessoa não desenvolve os sintomas graves, então pelo número de formas graves ser menor, as pessoas acabam por entender que a doença foi controlada. E com isso, as medidas de higiene diminuíram e assim a doença se espalha com mais facilidade”, explica ciclo da transmissão.

O risco dos não-vacinados

Por mais que tenha avançado, a cobertura vacinal ainda não é a ideal. Assim como idosos, gestantes e pessoas com comorbidade, quem não tomou nenhuma vacina ou ainda não completou as doses de reforço, também está no grupo de risco da covid-19.

“Hoje a gente tem um grupo de risco um pouco diferenciado, que são as pessoas que estão com o esquema vacinal incompleto ou os que não tomaram nenhuma vacina. Se a gente observar os dados nacionais, internacionais e estaduais, a gente vai observar que as hospitalizações estão associadas com pessoas com esquema vacinal incompleta ou não vacinadas em sua maioria”, disse Pereira.

O que fazer?

De acordo com a infectologista, os comitês de gestão de covid-19 precisam se atentar em fazer uma avaliação semanal, conforme os casos vão aumentando. Outro ponto é implementar campanhas de conscientização para higienização. Ela, particularmente, também é a favor da volta do uso de máscaras em ambientes fechados.

“A higienização é tão mais importante que a utilização de máscaras. Não adianta só colocar a máscara e não lavar a mão, sair por aí tocando em tudo, abraçar e beijar as pessoas de máscara. Então tem que fazer uma educação com a população, relembrar a necessidade desses cuidados de higienização”.

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