Justiça Federal vê ação de milícia em Terra Indígena e torna réus coordenador da Funai e PMs
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, os réus atuariam como milícia, arrendando áreas para bovinocultura dentro da Terra Indígena Marãiwatsédé

Bárbara Sá | RDNews
A juíza federal Danila Gonçalves de Almeida, da Vara de Barra do Garças (MT), aceitou denúncia contra o coordenador afastado da Funai Jussielson Gonçalves Silva, PM Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza e o ex-PM Enoque Bento de Souza, presos na Operação Res Capta. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os três atuariam como milícia, arrendando áreas para bovinocultura dentro da Terra Indígena Marãiwatsédé. Decisão é de 6 de abril.
“Lendo a referida peça, tenho por cumpridos os requisitos estampados no artigo 41, do Código de Processo Penal. A qualificação dos acusados e a classificação dos crimes encontram-se presentes na peça acusatória. Os fatos criminosos e respectivas circunstâncias foram satisfatoriamente expostos, de modo a possibilitar clara ciência dos fatos atribuídos, bem como o exercício da ampla defesa e definindo com precisão aquilo que
deverá o Parquet se desincumbir de provar”, diz a decisão.
Jussielson é militar da reserva da Marinha e coordenador-regional da Funai de Ribeirão Cascalheira. Gerard Maxmiliano é policial militar da ativa no Amazonas, onde atua como 2º sargento. Enoque é ex-policial militar do mesmo estado que o ex-colega de farda, tendo atuado de 1989 a 2009.
O caso
De acordo com as investigações da Polícia Federal, o cacique xavante Damião Paridzané receberia cerca de R$ 900 mil mensais pelo arrendamento negociado dentro da Terra Indígena. Em uma conversa entre o cacique e o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Jussielson Gonçalves Silva, o servidor público promete que o líder indígena passaria a ganhar R$ 1,5 milhão até o ano que vem.
Outros alvos da operação, Jussielson Gonçalves Silva, Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza e Enoque Bento de Souza, tiveram seus mandados de prisão cumpridos. Segundo a PF os danos ambientais na Reserva Indígena Marãiwatsédé foram avaliados em R$ 58 milhões.
Outros alvos da operação, Jussielson Gonçalves Silva, Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza e Enoque Bento de Souza, tiveram seus mandados de prisão cumpridos. Segundo a PF os danos ambientais na Reserva Indígena Marãiwatsédé foram avaliados em R$ 58 milhões.