Davi Xavante afirma que pretende ser “exemplo” para as crianças do Brasil

Allan Pereira | RDNews

Momentos antes de receber a primeira dose da vacina contra covid-19 do Brasil, o menino Davi Seremrámiwe, indígena do povo Xavante de  Mato Grosso, com 8 anos de idade, afirmou que queria ser exemplo para toda as crianças do país.

A afirmação foi repassada pelo relato da enfermeira Jéssica Pires, a profissional de saúde que aplicou a primeira dose da vacina em janeiro de 2021 e a primeira também que aplicou na criança, em entrevista para o Fantástico – confira  aqui.

A reportagem, que foi veiculada na noite deste domingo (16), relembrou o marco do primeiro ano do início da vacinação contra o coronavírus no Brasil, que se completa nesta segunda (17).

Para o Fantástico, a enfermeira disse que Davi chegou calmo, sentou na cadeira e não demonstrou medo. Ele foi a primeira criança brasileira a ser vacinada no país. O ato foi organizado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, pela equipe do governador João Doria (PSDB).

Davi tem uma comorbidade, uma doença genética ainda não identificada, que afeta o movimento das pernas. De acordo com a reportagem, ele está em São Paulo para acompanhamento médico e fisioterapia por conta do “estirão” que deve vir com a chegada da puberdade, desde os seis anos de idade. Ele vive em Piracicaba com uma guardiã.

A chegada do coronavírus fez com que Davi não pudesse voltar para a Terra Indígena Pimentel Barbosa, que fica entre quatro municípios no Leste do Mato Grosso, para ficar com o pai e a mãe. A tutora dele, a advogada Fernanda Viegas Reichhardt, conta que o menino ficou impossibilitado de retornar devido à fragilidade dos indígenas a doenças respiratórias. Lembrou que o pai dele, que teve que ficar na aldeia, quase morreu devido a covid-19.

Contudo, a imunização do menino vai permitir que ele volte para sua aldeia natal. A viagem está marcada para aproximadamente daqui a dois meses, quando ele receberá a segunda dose e o corpo ter terminado de produzir os anticorpos para a covid-19. O Ministério da Saúde afirma que, até o fim de março, estarão garantidos 20 milhões de doses da vacina infantil.

A reportagem do Fantástico ainda destacou que a vacinação contra o coronavírus foi a maior campanha de imunização já realizada no país e destacou ainda que, após o uso dela, o número de mortes caiu de 4 mil para menos de 200.

Contudo, a chegada da variante Ômicron fez disparar novamente os casos. Por isso, o Ministério da Saúde, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde e de países internacionais, decidiram pela aplicação de uma dose de reforço. A infectologista ouvida pela reportagem cita que as pessoas hospitalizadas com covid-19 são daquelas que não se vacinaram.

A especialista médica destaca ainda que, quem não se vacina, tem 17x mais chances de serem hospitalizados e 20x mais chances de morrer.